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terça-feira, 16 de abril de 2013

Usando o plugin Dyn3 Expander/Gate no Pro Tools

Vou falar um pouco sobre gates no geral e mostrar como usar o Dyn3 Expander/Gate.

 O que é um (noise) Gate?

Um Gate ou Noise Gate é um dispositivo que controla a amplitude, volume, de um sinal de audio atenunado o sinal que ele fica abaixo de um valor de referência, o "threshold".

Ele é bastante útil em uma DAW (Digital Audio Workstation) para remover o ruído gerado por cabos, eletricidade, ruídos do ambiente com ar condicionado, dimmers, ou mesmos ruídos de perfomance como as mãos de um guitarrista deslizando sobre as cordas ao mudar de acorde. E também, remover sons indesejados de uma bateria ou qualquer outro microfone durante uma sessão ao vivo.

Gostaria de resaltar que podemos ver, o termo Gate pode ou se referir a ruído (Noise), por isso que coloquei entre parênteses no título.

Adicionado o plugin a uma faixa


Primeiro se certifique que você esteja visualizando os Inserts da faixa que você deseja adicionar o plugin clicando no menu Edit view e marcando a opção Inserts:





Então na caixa de Inserts clique em plug-in > Dynamics > Dyn3 Expander/Gate (mono).



Abrirá a janela do plugin:


No centro da janela temos a função de transferência,  onde temos no eixo X o sinal de entrada e no eixo Y o sinal de saída.

Vamos analizar as opções que nós temos nesse plugin. Como em qualquer noise gate temos alguns parametros comuns que devemos conhecer:

Input Level: em dB, é o nível de entrada do sinal, o wave que está registrado na faixa.
  • Threshold: em dB, gatilho, é nivel de sinal necessário para o Gate abrir e deixar o áudio passar.
  • Attack: em milisegundos, velocidade com que o Gate abre.
  • Hold: em milisegundos, tempo que o Gate fica aberto após o sinal cair abaixo do threshold.
  • Release: tempo que o
  • Ratio: relação entrada:saida quando o sinal fica acima do threshold.
 Aqui temos gráfico de referência sobre cada um desses parâmetros:

  
 Vamos ver mais detalhadamente o que cada parâmetro realmente significa.

Thresh or Threshold


O Gate, "portão" se traduzido literalmente, é fechado e o sinal não passa toda vez que o nível da entrada ficar abaixo do Threshold. Esse dado é fornecido em dB e serve para definirmos o volume mínimo que queremos que o plugin permita passar. 

Ajustar esse parâmetro vai depender muito do instrumento que foi gravado e como ele foi gravado, por isso é muito difícil estabelecer presets para um noise gate. Se quisermos remover o ruído de um captador single coil por examplo, provavelmente vamos usar um valor bem baixo, mas se quisermos remover uma caixa que vazou no microfone do bumbo da bateria, com certeza usaremos volumes mais altos. 

Em todos os casos, devemos estudar o medidor da entrada, na esquerda, e deixar que ele ajude nos a determinar qual é o melhor valor para esse parametro. O regra básica é que sempre deve estar abaixo do sinal que queremos e acima do sinal que queremos filtrar.

Range


Range ou Depth, define o total de ganho que será aplicado ao sinal abaixo do threshold. Um Range de -20dB significa que o sinal abaixo do threshold vai ser atenuado em 20dB. Se quisermos que o sinal abaixo do threshold seja totalmente removido, devemos usar -80dB de atenuação. Considerando a situação abaixo:


Todos sinais abaixo de -20.9dB vão ser mutados: range de -80dB. Já na situação seguinte:



Todos os sinais entre -20dB e -30dB vao ser mutados (-20 threshold + -10 range), os sinais abaixo de -30dB e acima de -20dB continuarão audíveis. No gráfico fica mais fácil de entender.

Repare nessa outra figura, que com um Range de 0dB não há atenuação, e tudo o que entra será enviado sem alteração para a saída:


Attack


 O ataque controla a velocidade com a qual o gate abre. Normalmente é dada em milisegundos. Por exemplo, se o range for ajustado para -10dB, o ataque define quanto tempo o gate leva para ir de -10dB a 0B quando o threshold for disparado.

Release


Determina a velocidade que o gate fecha. Com o range em -80dB (mutado), o release define o tempo que o ganho leva para retornar a -80dB quando o sinal fica abaixo do threshold.

Hold


Uma vez que o sinal cai abaixo do threshold, o Hold define o tempo (em milisegundos) que não haverá redução de ganho após o release.Isso serve para não preservarmos um pouco do release natural do instrumento.

Ratio


Define quanto o volume vai ser reduzido quando o threshold for excedido. Por exemplo, se mantivermos o ratio em 6:1, quando o threshold for excedido em 6dB somente 1dB vai passar. Nesse ponto o nosso Gate está atuando como compressor. Com um ratio acima de 10:1, muitos produtores já consideram que o Gate está atuando como Limiter.

 Look Ahead


O que o look ahead faz é analizar o audio antes de ele chegar ao compressor, informando o gate antecipadamente que tipo de sinal está vindo.

Side Chain


O Side Chain permite você usar um segundo parâmetro para determinar quando o gate abre ou fecha. No nosso caso, nós podemos definir uma frequência para ativar o gate.



Você pode usar os filtros (notch, high and low pass) para encontrar a frequência ou faixa que você quer que seja usada para acionar o gate. É muito útil quando queremos que o gate reaja a uma certa nota, corda, ou peça da bateria que foi tocada.

O botão de 'audition', permite ouvirmos exatamente a mesma coisa que o side chain está filtrando e usando como gatilho para o gate.

Mais adiante, falarei mais sobre esse fantastico recurso.

Por hoje é só pessoal.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Configurando um novo projeto no Pro Tools

Nesse artigo vamos ver como iniciar um novo projeto no Pro Tools 10 e configurar as opções de hardware.

Iniciando o Pro Tools

Vamos começar iniciando o Pro Tools. A tela abaixo é a primeira tela que você vê ao iniciar o programa, vamos ignorá-la, clique "Cancel" para fechar a popup.





Configurando Hardware

Essa etapa só é necessária a primeira vez que você estiver rodando o Protools ou configurando uma interface de áudio nova.

Vá até o menu Setup > Playback Engine que abrirá para você a seguinte janela:


No primeiro campo está a lista de interfaces que o Pro Tools reconheceu no seu computador, se a sua interface não estiver listada ali, certifique-se de que ela está ligada, ou ainda, verifique no manual dela se há algum driver a ser instalado.

Buffer size

No box "Settings", o primeiro parametro é usado para definir o tamanho do buffer, use tamanhos menores de buffer quando estiver gravando. O valor ideal para uma sessão de gravação é de 128 samples, isso fará com que o tempo de latência do audio seja o menor possível. Já na hora de mixar o seu projeto, quando normalmente utilizamos muitos plugins, é mais interessante deixarmos esses valores mais altos para evitar clicks e lags (falhas) na monitoração da mixagem. Você pode começar tentando 1024 samples por segundo, caso isso venha acontecer na sua monitoração.

Delimitando o uso de CPU


No campo "Hosts Processors and CPU usage limit" você informa ao Pro Tools quanto dos processadores de sua CPU pode ser usado por ele. Isto é muito útil se você queiser limitar o uso da CPU caso tenha que rodar algum outro software em paralelo. Entretando, o normal aqui é definir o valor mais alto possível.

A "Delay compensation engine" pode ser usada quando você tiver o indicador "Dly" em vermelho, aparecendo na barra de transporte, conforme figura abaixo. Isso indica que alguma faixa está além do limite de compensação e deve usar um buffer maior para compensar (provavelmente) algum delay em um plugin.



O normal, é que você não tenha que alterar essas opções.

Cache Size

As opções "Disk playback", "Cache Size", são interessantes se você estiver passando por apertos na hora de reproduzir uma gravação na mixagem ou gravação. Essa opção carreca toda a sessão na memória RAM para o playback ou gravação, o que deve melhorar sensivelmente o tempo de leitura/gravação por reduzir a carga de trabalho do seu HD.

Uma vez que esses valores foram selecionados e a janela "Playback Engine" for fechada, o Pro Tools começara a carregar a sessão na memória RAM. Esta atividade pode ser monitorada em "Window>System Usage". Você verá dois novos indicadores de atividade, "Disc Cache" e "Timeline Cached". "Disc Cache" indica quando da memória RAM alocada está sendo usada pela sessão e "Timeline Cached" indica quando da sessão está sendo 'cacheada' na memória RAM alocada pelo Pro Tools.

Ajustes feitos, é só clicar Ok e estamos prontos com a configuração do hardware.

Criando um novo projeto

No menu 'File' > 'New Session' você terá a seguinte janela:



Você pode optar por algum template disponível, mas vamos começar uma sessão do zero clicando em "Create blank session..." e ajustando as opções:


  • Audio File Type: Esta opção permite você escolher em que tipo de arquivo o Pro Tools vai salvar os clips de audio gravados. Preferencialmente escolha o formato Broadcast Wave Format (BWF), mas você pode escolher o formato AIFF se necessário. Ambos são do tipo looseless, ou seja o audio gravado não tem perda de qualidade nem sofre compressão nenhuma. Soará da mesma maneira em ambos os casos. Mas aconselho somente usar AIFF quando você precisar usar os arquivos de audio em outro programa que só leia AIFF, pois o formato BWF registra o timecode que facilita a importação de dados e restauração em caso o voce perca o projeto ou o arquivo se corrompa.
  • Bit Depth: permite você escolher a resolução da informação de audio.  Isso depende muito das capacidades da sua interface de áudio. 16 bits é a qualidade padrão do CD, mas em muitas interfaces você pode optar por 24bits, que dará a você uma qualidade melhor de gravação.  Normalmente, com 24bits, obtemos uma qualidade melhor de áudio quando não conseguimos um volume alto de captação ou quando a faixa dinâmica não é muito extensa. Explicando, com 16bits temos uma faixa dinâmica de 96dB, já com 24bit temos 144 dB, com isso as variações de amplitude de sinal são registradas com mais precisão.
  • Sample rate: ou taxa de amostragem, também depende da interface de audio. Normalmente escolhemos 44.1KHz por ser a taxa padrão de um CD, mas podemos optar também por 48KHz or até mesmo 96KHz. Qualquer um desses valores é ótimo, a indicação é ficar nos 48KHz ou usar um múltiplo de 44.1KHz. Uma taxa de amostragem permite frequencias de 0 Hz até metade do valor dela, ou seja 24KHz no caso de uma sample rate de 48KHz. Como a audição humana vai de 20Hz até 20KHz, estamos bem servidos. O consenso para as gravações musicais, nos diz que 96KHz aumenta a quantidade de dados sem necessariamente trazer um benefício audivel em boa parte dos casos. E no final das contas, em boa parte do nosso trabalho, tudo vai acabar em 44.1KHz mesmo.
  • Interleaved: se tivermos essa opção desmarcada, o Pro Tools irá criar clips e mesmo bounces (mixagens) usando dois arquivos distintos, um para o canal esquerdo e outra para o canal direito. Quando isso ocorrer você verá um _L e um _R no nome do arquivo. Recomendo usar a opção interleaved, onde ambos os canais são mantidos no mesmo arquivo em blocos intercalados. Claro, que isso vale para as faixas e mixes estéreo, e não para as faixas mono.
  • I/O Settings: permite você carregar uma configuração predefinida para as entradas e saídas. Você pode usar essa opção caso pretenda iniciar um projeto surround 5.1, ou se tiver hardware Eleven Rack, etc. Para uma música, trilha, para CD, rádio, use a opção 'Stereo' ou simplesmente deixe selecionado 'Last used' para usar a mesma opção utilizada na última sessão do Pro Tools.
Feito isso, finalmente basta agora só escolher um local (pasta) para salvar o seu projeto e dar nome a ele.

É interessante sempre manter cada projeto dentro de sua própria pasta para evitar uma sobre carga de clips. Para cada projeto o Pro Tools cria as pastas:
  • Audio Files: contém os clips de audio.
  • Session Files: contém os dados temporarios de cada sessão.
  • WaveCache.wfm : este arquivo contém as imagens das "ondas" de cada clip de áudio.
  • seu_projeto.ptx : o arquivo do seu projeto em si.
  • Possivelmente ainda aparecerão outras pastas como "Clip groups", "Video Files", dependendo do que você adicionar ao seu projeto.
Importante notar que o arquivo do projeto não carrega os clips de áudio dentro dele, quando você precisar copiar o projeto para outro computador, fazer um backup ou mandar para alguém jamais salve o projeto no pen drive ou HD externo e sim: COPIE SEMPRE A PASTA INTEIRA DO SEU PROJETO. Caso contrário, ao tentar abrir a cópia, nada aparecerá.

Salvar o projeto com um novo nome, é interessante quando você quer salvar uma mixagem alternativa, ou fazer o teste entre duas mixagens ou masters diferentes. Pois o projeto carrega as informações de plugins e da mix também, salvar uma versão alternativa só vai duplicar esses valores e não duplicará os arquivos de audio usados no projeto.

Beleza, criou a pasta e definiu o nome do projeto, basta clicar OK e se divertir.

Boa sorte.